Thursday, February 28, 2008

Na outra margem sou feliz


Vim para Lisboa há 15 anos. Sou da província, portanto, mas conheço bem a realidade da vida urbana, desde a loucura estudantina aos tempos do “desenrasca-te sozinha e paga as tuas contas que é assim que tem de ser”.
Já gostei mais de viver nesta cidade, principalmente na fase do deslumbramento por tudo aquilo que ela tem para oferecer a quem dela pode desfrutar. Também já gostei menos dela, quando andava de transportes todos os dias e me confrontava com as caras miseráveis das 7h da manhã e depois com as caras furiosas das 6h da tarde.
Neste momento já não gosto nem deixo de gostar. Tenho uma vida confortável, moro numa zona privilegiada, mas certo é que a sedução da grande cidade já pouco me diz, certo é também que faz muito que não me encontro com ela à noite, mantenho-me por cá porque ela me sustenta. Passo por ela despercebida, quase já nem a olho. Entrei no marasmo lisboeta e apenas sobrevivo na cidade.
Talvez por culpa minha, talvez por culpa da vida, talvez por culpa de Lisboa.
O meu casamento com Lisboa tem 15 anos. Passei a fase do enamoramento e da paixão, passei pela lua de mel da descoberta e do fascínio, ultrapassei as zangas e as adversidades, cheguei à fase da monotonia e da indiferença. Nos fins de semana escapo-me, vou namorar uma antiga paixão, depois volto, infeliz por regressar, mas também conformada. Penso muitas vezes no divórcio! Estou só a ganhar coragem.

Deixo na marcha a marca doce
Dum passo alegre por voltar
Na outra margem, sou feliz
Invoco a Terra, campo em flor
Um mau olhado por Lisboa
Rio da sorte e maus caminhos
Linha entre a dúvida e o desejo
Pão tão difícil
Incerteza, d´amanhã

Vou no vapor da madrugada
A minha estrada vai prò Sul
Dá-me um abraço d´encantar
Volto para o fundo dum olhar
Meiga paixão ao Sol do Estilo
Rubra papoila fugidia
Encontro certo no trigal
Nada me prende, vou-me embora
Vou prò Sul...

Vitorino
Sul

Wednesday, February 27, 2008

Parece que dei o que pensar!


O que muito me lisonjeia e que muito agradeço à Gi, ali do 31.

Nos passeios que faço por aí encontro muitas mentes que me fazem pensar, mas dado que este prémio se destina às meninas, aqui vão algumas que costumo visistar e que considero dignas de o receberem:

a Eyes, pelo bom gosto e profundidade de ideias e sentimentos;
as meninas do Sexo e a Ansiedade que espero voltem em força brevemente;
a Su, que foi uma das primeiras visitantes deste blogue;
as meninas do café, pelas gargalhadas que me arrancam não raras vezes;
a a. pela beleza tocante, pela paixão que escreve e com que escreve;
e a Maria com quem muito me identifico no que toca às reflexões sobre os homens, as mulheres e as relações.

Não são 10 mas são as que me fazem voltar sempre e que me dão que pensar por todos os motivos que descrevi acima.
Parabéns a vocês.

Mais uma vez, obrigada Gi, não só pelo prémio como também pela boa disposição e good vibes com que nos presenteias todos os dias. O teu 31 é um dos meus "musts".

Tuesday, February 19, 2008

Nostalgia

Ou de como os 80's ainda me põem aos saltos em pleno horário laboral!

Monday, February 18, 2008

Nobre criatura

Ela tinha uns olhos bonitos e um sorriso largo, franco e cativante. Não era particularmente bonita, mas também não era feia. Tinha um raciocínio rápido e preciso pelo que era considerada uma pessoa inteligente. Vestia-se bem, sem no entanto ser demasiado formal.
Era alta e apesar de ter um carácter aprazível quando a conhecíamos, a sua presença e postura de polido distanciamento não deixava de intimidar os mais inseguros.
Cercavam-na variadíssimos tipos de pessoas, que dela tinham múltiplas perspectivas. Nós, os amigos, nutríamos por ela o carinho de quem a sabia solitária e frágil para lá da muralha que muitos viam nela. Sentíamos até uma espécie de dever de protecção, um sentimento quase consanguíneo, daqueles que por instinto nos impelem a defender os nossos.
Alguns temiam-na. Particularmente aqueles que no primeiro impacto davam de caras com o seu semblante sério, quase que rígido. Esses mantinham-se na sua margem, sem no entanto se afastarem, como se esse algo que lhes impunha respeito exercesse sobre eles um simultâneo efeito magnético.
Havia também aqueles que a invejavam. Ela nunca percebeu porquê. Mas eu sempre achei que a fronteira entre o medo e a inveja é bastante ténue. Ela representava muitas coisas. Acima de tudo representava a honestidade e a lealdade, a educação e a formação, e apesar de, na realidade, não possuir muito, o que tinha era fruto da sua batalha pessoal, pontuada por muito esforço e sofrimento.
Costumava comentar que a incomodavam os olhares invejosos, até porque não via motivo que os justificasse, mas acabava por retribuir tais olhares com os seus sorrisos impressionantemente sinceros.
Sentia-se muitas vezes incompreendida e nunca conseguiu definir o que era para si ser feliz. Talvez por isso nunca se tenha sentido verdadeiramente feliz.
Era uma criatura nobre. Daquelas especiais com que nos cruzamos na vida e nunca chegamos a compreender o que lhes falta verdadeiramente e porque as suas vidas seguem percursos tão sinuosos.
Acho que deve haver uma ordem superior, uma razão para lá do nosso alcance, um sentido. Tem de haver…

Wednesday, February 13, 2008

Growing up sucks!

Ouvi muitas vezes a minha mãe dizer que gostaria de voltar a ser criança. E também não raras vezes ouvi a expressão “quem me dera voltar a ser jovem e saber o que sei hoje”. É seguramente um sinal da idade quando começamos a ter estes pensamentos de forma mais ou menos recorrente.
Caramba, isto de ser adulto é de facto um mau negócio! O pior é mesmo ter um espírito ainda meio infantil dentro de num corpo que já passou dos 30. Digo “pior” porque nos exigem as responsabilidades de um corpo que já passou dos 30, quando o que queríamos mesmo era poder dizer “oh pai, resolve tu isso que eu vou ali borregar para o sofá a ver as séries da FOX!”
Sinceramente, acho que não trocava a vida que tenho para ter a possibilidade de ser outra vez criança, mas que muitas vezes dá vontade de dizer “não brinco mais, pronto”, acompanhado de uma língua bem esticada para fora, lá isso dá!

Friday, February 8, 2008

As frases da minha vida # 2

"If I had no sense of humor, I would long ago have committed suicide."
Mahatma Gandhi
1928

Wednesday, February 6, 2008

Tempos

De tempos a tempos há tempos assim. Críticos, macambúzios, enfadonhos.
De tempos a tempos o tempo não ajuda e prolonga-se preguiçosamente como se se recusasse simplesmente a colaborar.
De tempos a tempos sinto saudade de outros tempos.
De tempos a tempos sou eu que não tenho tempo, ou tenho-o em demasia para reflectir sobre o que vale e o que não vale o meu tempo.
Uma perda de tempo este tempo desgostoso, triste, pesado.