Wednesday, April 9, 2008

Incommunicado - ou conversa de loucos

- Não gostas das minhas opiniões porque te incomodam. – Disse ela após soprar furiosamente o fumo do cigarro que havia inalado.
- Não me incomodam minimamente. Sou como sou e quem não gostar, paciência! - Respondeu-lhe ele numa atitude infantil que assumia sempre que sentia necessidade de se defender.
- Paciência o caraças! – Atirou-lhe ela – As atitudes que tomas e as coisas que dizes afectam as pessoas que te cercam e que, para tua informação, gostam de ti e se preocupam contigo. Achas que podes viver isolado, do alto da tua arrogância? Olha à tua volta, olha para mim. Se eu estou aqui é porque sou uma dessas pessoas! Por isso não digas que “quem não gostar, paciência” ou estás-te a borrifar para aquilo que eu sinto?
Com um trejeito de irritação ele encolheu os ombros e atirou o rosto para o lado. Voltando a fixá-la, com um brilho de fúria a instalar-se-lhe no olhar encimado pelo sobrolho carregado, respondeu – Mas quem é que disse que eu me estou a borrifar para aquilo que tu sentes?
- Tu! Retorquiu ela.
- Eu?
- Sim, tu. “Sou como sou e quem não gostar, paciência” para mim isso significa que te estás a borrifar para o facto de eu gostar ou não das tuas atitudes!
Ele pegou no maço de tabaco de onde retirou mais um cigarro que acendeu nervosamente.
- Tu tens direito às tuas opiniões, mas eu tenho o direito de discordar delas. O que tu querias era que eu concordasse com tudo aquilo que tu dizes. Se assim fosse não haveria discussões. Acontece que se eu tenho determinadas atitudes é porque sou assim, ponto final. Não tenho de ser simpático ou aturar fretes para agradar aos outros.
- “É porque sou assim ponto final” o que é que isso significa? Que mesmo quando ages mal não queres saber das consequências que os teus actos têm nos outros é? – A irritação dela subia de tal maneira de tom que os seus cabelos já se encontravam em desalinho, de tantas vezes lhes mexer com as mãos.
- Epá, não há paciência! Mas estás armada em quê? Agora vais-me dizer que tenho que explicar e destrinçar cada palavra que digo, não?
- Bem podias! É que se pensasses bem antes de falar talvez te saísse um discurso mais fundamentado. Sabes que não tens razão, por isso só me atiras com retóricas e evasivas.
Ele cruzou os braços numa atitude de impotência – Não vale a pena, não se pode conversar contigo.
Perdendo finalmente a compostura e ouvindo o seu próprio tom de voz elevar-se involuntariamente ela gritou-lhe – Conversar? Conversar? Pois agora não me apetece mais conversar... e quem não gostar, paciência!

Tuesday, April 8, 2008

Esperança * Hope * Espoir * Speranza * Hoffnung * Hoop * 希望 * 희망 * ελπίδα * упование

Traumas, desilusões, frustrações, esperanças goradas, fazem parte da bagagem que carregamos pela vida e são tão inevitáveis quanto o é um dia após o outro.
Em maior ou menor escala todos sofremos decepções em algum ou em vários momentos ao longo dos anos. Marcam, caracterizam e determinam comportamentos e é esse facto que lhes confere importância. Mesmo aqueles insucessos dos quais nos rimos mais tarde deixam o seu marco, ainda que imperceptível no plano consciente.
Dada a sua inevitabilidade, resta-nos aprender a lidar com as más experiências e também com os seus efeitos. Trata-se de um trabalho duro e não raras vezes doloroso, sendo em muitos casos, dependendo da gravidade da questão, um trabalho a desenvolver pela vida fora. Tomar consciência dessa necessidade é apenas o primeiro passo.
Estar na - e de bem com a - vida é uma aprendizagem que passa primeiramente por um conhecimento do nosso próprio ser, sem virar a cara ao que temos cá dentro de negativo e sem fugir das dores que sofremos no passado, antes, encarando-as e crescendo sobre elas.
Não me arrogo a autoridade psicanalítica. Nada de novo no que digo acima. Apenas conheço cada vez mais gente desprovida de ânimo e de esperança. A descrença na vida, nas pessoas, no amor e em tudo o que é positivo pautam os seus dias, os seus discursos, as suas atitudes. Fecham-se em casa, impedem-se de viver e, pior do que isso, fecham-se dentro de si próprias como se erguessem muros altos e intransponíveis.
Esta mensagem é para essas pessoas - eu tenho esperança, afinal até o muro mais intransponível da história ruiu um dia.

Monday, April 7, 2008

O pior cego...


As pessoas só vêem aquilo que querem ver.

Constatação

Quando não sabemos bem o que queremos o pior que podemos fazer é não o admitir.

Wednesday, April 2, 2008

Adeus minha linda

Hoje perdi uma fiel amiga. Uma amiga que me dedicava um amor incondicional, um carinho sem limites e uma dedicação inimaginável em qualquer ser humano.
A minha casa não mais será a mesma. Agora mesmo enquanto escrevo de portátil no colo te sinto a falta. Deverias andar por aqui enroscando-te nas minhas pernas procurando captar-me a atenção.
A vida é muito frágil, demasiado frágil, obrigada por teres passado pela minha.
Descansa em paz.

Tuesday, April 1, 2008

Vidinha boa!

Estes dias de primavera, depois da mudança da hora, deixam-me pura e simplesmente feliz. Chegar a casa ainda de dia e saber que, mesmo perdendo 30 minutos na caixa do supermercado, ainda tenho tempo para ler o meu livrinho à doce luz do entardecer faz-me sentir que afinal ainda tenho alguma qualidade de vida!
E logo este que me está a prender de tal forma que o vou devorar de um trago.
Poucas coisas me conferem esta sensação morna e deliciosa do prenúncio do Verão. Nasci nos trópicos e sou do calor!