Sunday, January 6, 2008

Question mark

Debato-me muitas vezes com uma velha e clássica questão: a necessidade de aprovação.
A procura do caminho certo é uma tarefa hercúlea e queremos muitas vezes sentir que as nossas escolhas têm um contexto qualquer e que são as mais indicadas para nós, mesmo quando não são.
Eu sou daquelas pessoas que se questionam sempre. Mas sempre, sempre. E raramente tenho certezas do que faço ou das opções que tomo. Penso sempre se será a melhor coisa a fazer, se estarei a ser correcta para comigo e com os outros, se me irei arrepender mais tarde.
Enfim, chamem-lhe insegurança ou o que quiserem, eu sou assim. Mas o facto de me questionar não me impede de seguir em frente.
Há uma coisa que já percebi - o supra sumo do correcto não existe. Aquilo que parece a decisão mais acertada pode resultar num monumental fracasso e o que à partida pode prenunciar um erro crasso poderá vir a transformar-se no melhor que poderíamos ter feito.
Independentemente disso analiso minuciosamente cada questão, destrinço cada factor e cada motivação na busca de algo que me oriente, de uma resposta definitiva a que acabo por nunca conseguir chegar.
Mas isso não me basta. Não raras vezes preciso de opiniões externas, de pontos de vista diferentes, independentes. Acabo por perceber que na realidade procuro respostas dentro e fora de mim.
O reverso da medalha é que acabo por me expor demasiado e quando vou em frente, com um ponto de interrogação a piscar-me na cabeça, vou também com o olhar de reprovação daqueles que ouviram as minhas questões e emitiram as suas opiniões.
Já tive a arrogância de pensar saber o que está certo e o que está errado, princípios moralistas à parte, e emitir juízos de valor sobre situações que me eram alheias. Já tive também a presunção de proferir diagnósticos sobre a sanidade emocional de outras pessoas por discordar das suas escolhas.
Mas bastou alguma introspecção e alguma humildade para perceber que eu não sou ninguém para emitir tais juízos. Na verdade o que se passa dentro de cada um e as respectivas motivações são campos para nós totalmente desconhecidos, e por mais dúvidas que se tenha cabe a cada um dar os passos que entende, no uso da sua mais inegável liberdade para o fazer.
Depois olho à minha volta e observo as opções dos que me cercam. Os passos que deram, os caminhos que escolheram e os sítios a que chegaram. Independentemente de qualquer juízo foram as suas escolhas, cada uma com as suas motivações e condicionantes, as que se vêem e as outras que estão no âmago de cada um.
Chego a uma única conclusão. Quem não tiver telhados de vidro que atire a primeira pedra. E há muita gente por aí a ver a lua e as estrelas, deitados nas suas camas.

3 comments:

Esplanando said...

E a todas essas conclusões se chama crescimento.

Gi said...

De acordo com o esplanando!
Tens é que estar convicta, quando tomas as decisões; se depois não se chega a bom porto, pelo menos teve-se a certeza de que quando ela foi tomada nada foi deixado ao acaso!

Eyes wide open said...

O mais importante, é que cada um tome as suas decisões, convicto de que deu o seu melhor na busca daquela que pudesse ser a melhor solução. Só isso nos pode deixar tranquilos caso o resultado não seja o que pretenderiamos... e imunes a toda a espécie de julgamentos. Até porque é tão fácil julgar de longe, fora da pele de quem tem de tomar a decisão...