Monday, January 28, 2008

Alma gémea

Pousou-lhe suavemente a mão larga no cabelo e deixou que os seus dedos se entrelaçassem nos fios suaves e lisos tom de amêndoa, em movimentos docilmente lentos.
O desenho perfeito das suas sobrancelhas enquadrava aquele olhar que lhe falava da certeza do amor como a inexorável madrugada depois da noite, aquela madrugada que atravessavam despertos, os seus corpos nus sobre a cama, abandonados ao torpor.
Para ela o corpo dele era a sua casa, o seu regaço o único lugar do mundo de onde sabia que nunca haveria de partir. Para ele ela era a luz, a razão última de viver.
Assim abraçados deixaram o tempo passar. No ar o cheiro intenso da entrega. No íntimo a convicção do que é certo. Na alma a memória difusa e anacrónica de outros corpos, outros cenários, outras vidas, mas o mesmo amor.

2 comments:

Sirk said...

Uau!
Faz favor de continuar o estilo. Muito bom, sim srª!
;)

Esplanando said...

Dito assim, até quase se acredita em Almas Gémeas...