Este Natal marca uma viragem na minha vida, ou melhor, um regresso ao que eram todos os natais até há três anos atrás. Tristes e vazios.
O Natal é sobre amor, entre outra coisas, mas sobretudo sobre amor. O amor de Jesus pelos homens, o amor à família, o amor ao próximo, enfim...
A mim, o Natal faz-me sempre pansar no amor que não tive, que não tenho, que não dei, ou que não recebi.
É uma perspectiva egoísta, eu sei, mas não consigo evitar sentir-me triste e vazia nesta época do ano.
Há três anos experimentei pela primeira vez o espírito do Natal. Estava feliz, sentia-me amada e sentia amor por alguém. Não houve ponta de tristeza, de melancolia, e efectivaamente deixei-me contagiar pela magia, pelos rituais, pelo significado. Conseguia mesmo imaginar-me nos Natais subsequentes sempre cercada de amor, de harmonia, de entusiasmo, e cheguei até a sonhar com o meu próprio Natal, um Natal conjugal que haveria um dia de incluir crianças.
Este ano vai ser tudo como antes. De regresso à tristeza, à melancolia e ao vazio. À falta de paciência para os filmes de sempre, ao querer que o tempo passe depressa para que tudo acabe logo e se regresse à vida normal.
Bem sei que a minha perspectiva nada tem a ver com o verdadeiro significado do Natal, mas é efectivamente assim que o vejo. Este ano, em vez de entregar o meu coração a alguém especial (como dizia o outro), queria mesmo era ficar na minha casinha, sozinha, de mantinha nos joelhos e aquecedor ligado e esperar que todo o tormento acabe, para que finalmente possa sair para tomar café e que os cafés estejam realmente abertos, como em todos os outros dias do ano.
Este Natal marca uma viragem, uma viragem que espero conseguir fazer sem meter a marcha atrás e procurando evitar mais estragos do que aqueles que já estão feitos. Mas a tristeza e a melancolia (muito amigas da mágoa e do ressentimento) não me irão facilitar a vida.